domingo, 29 de maio de 2011

Inexplicável Querer

A madrugada traz consigo a insônia
Alimentada por uma vontade que transcende
É inexplicável, intangível e imensurável
Junto a chuva impertinente e sedutora
Atirando-se contra a janela em profusão
As luzes das ruas brincam de fazer formas
Travestindo-se em imagens que ludibriam o olhar
Um caleidoscópio de desejo que cai do céu
Girando na alma num universo sem forma
Que impulsionam o querer você
Em todo o caos da madrugada
Nas gotas da chuva libidinosa
Em cada luz que se refrata na retina
No bailar suntuoso onde o céu é testemunha
As lembranças dos corpos que giram
Dois amantes numa sinfonia regida ao luar
E o silêncio soturno ganha sentido
Se torna música onde somente nós podemos escutar
Como numa fração de segundo, tudo cessa
As respirações descompassam e as almas se inquietam
O universo teve de aplaudir a dança do poeta e sua musa
Dois seres tão singelos trouxeram inveja à Criação
Perceberam que o poeta transbordava em querer
Num sentimento nobre mas sem explicação
Entre ele e o universo só havia ela e nada mais
E nem mesmo a própria morte o faria desistir
A música não há de parar até que o inevitável aconteça
Que mesmo sendo profano iria até os confins por ela
Até o dia que de fato seu querer há de se consumar.

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