terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Humanidade

Na velocidade dos dias
No passo apressado
Do espírito amargurado
Resta ainda um ser descarnado

Separado de si
Onde uma alma jaz num corpo
Desfalecido, mortificado
Olhos abertos, porém vendados

Realidades se cruzando
Respiração fria e descompassada
Seguindo o mesmo Deus
Numa estrada sem saída

Todos se queimando
Tal negra é a chama
Da fumaça dos escapamentos
Abafando cada alma, sem escapatória

E buzinava cada canto
E gritava cada cria
E mesmo sem saber, já fadada ao Haver
O barulho era o mesmo

O projétil invade a muralha
Das proteções contra nós mesmos
O sangue espirra diante da família
Com a dor trazendo cor a hipocrisia

A dor ganha movimento no jornal matinal
Todos sentados à mesa comentando o fato
Não percebendo o principal
A verdade velada e os gritos silenciosos

Eram eles que estavam mortos
Há muito tempo, mesmo sem saber
Que os prisioneiros são eles
No cárcere da ignorante humanidade

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*Parceria de Thomas Tjabbes na autoria deste texto*