quinta-feira, 23 de junho de 2011

Transições

De que é feita a vida senão de transições
Forçadas ou não, só nos restam elas.
De lágrimas choradas até a alma secar
Da esperança que se mantém até a último minuto
De amores que são eternos enquanto duram
E no fim das contas resta o vazio
Junto a uma necessidade tola de preenchimento
Para um coração roto e cansado
Tornando as lacunas que nos fazem ser o que somos
O abismo entre mais um ser ou não ser.
Mas resta, acima de tudo, a involuntária respiração
Que nos leva a inevitabilidade da existência
De se admirar com o cotidiano amargo e cinza
Rir com o sorriso alheio sem pretensões
Não esperar nada das mais variadas ações
Ser a brisa que arrefece os inquietos
E a temida tempestade dos que temem o incerto.
Saber que muitas vezes dizer adeus é o melhor encontro
E que alguns reencontros podem ser mágicos.
A estrada da incerteza é obscura e nebulosa
E a oportunidade de se perder é apenas uma chance
Chance de, por mais duro que possa parecer,
Aprender um novo caminho a percorrer
Que quando uma porta se fecha diante de nós
Não significa que somos indignos ou incapazes
É apenas um sinal que é chegada a hora de acordar
Aprender que muitas vezes a melhor chance de se encontrar
Nos obriga diante da existência a se perder.

domingo, 12 de junho de 2011

Um inverno, um adeus

Nalgum canto perdi minha poesia
Em meio ao caos dos rabiscos desencontrados
Das lágrimas que caem indolentes
De lembranças turvas embotadas pelo cansaço da mente
Levada pela chuva que se arrasta nas calçadas
Maculando toda sua inocência e sinceridade
Que sabe rir como criança sentada num parque
Refletindo o sol na pureza de sua alma
A perdi talvez nas sombras das esquinas da vida
Que guardam encontros com espelhos sinceros
E revelam imagens das duras verdades da consciência
Aonde terá ido parar a minha poesia?
Que os ventos do gélido inverno a levem
E a entreguem a quem ofereça um sol que a aqueça
Fazendo brotar de seu rosto sorrisos de luz
Não hei de dizer adeus à ela, não mesmo
Talvez um "até logo", tímido e cabisbaixo
Ou talvez o melhor que posso lhe dar é o silêncio
É o máximo de sinceridade que cabe em mim
Jamais profanaria tamanho sentimento com palavras
Hei de lembrá-la com admiração e contemplação
Atravessado por momentos de torpor e pesar
Pra quem sabe um dia, se for de sua vontade
Possa bater novamente a minha porta
Quem sabe um dia.
Um dia...