domingo, 16 de novembro de 2008

Explicação

Os textos "Verdades", "Desejos e Desatinos" e "Enfim Sós, Enfim Nós" se interligam numa só história. Minha idéia era de transformar a história num conto. Porém, preferi fazer essas 3 poesias que seguem abaixo. Espero que gostem.

Abraços,

Vitor L. Muniz

Verdades

Ah, as necessidades do corpo
As vicissitudes da alma
A perversidade da tua beleza
Que me rasga os olhos e penetra o corpo
Me inflama, me deixa de uma forma insana
Sim, sinto sede!
Sede de teus beijos, de sentir teu gosto
De tocar teu corpo e contigo delirar.
De saber que só você, aonde quer que eu vá
Não verá obstáculos e nunca irá parar
Imaginar-te, nua, somente com o véu da madrugada que te recobre
Com o brilho da lua que se condensa na escuridão
Me faz estar em outro universo de sentidos,
respirando fundo e ao mesmo tempo com tamanha sofreguidão,
Percebo que me levaste a treva mais silenciosa de um homem
A treva do desejo, onde não há direção ou sentido, só há você
Pura, e devassa, puramente devassa
Olho pra ti e vejo mais que você, vejo também a mim
E penso: Sim, há de ser, há de acontecer
Entre desejos proibidos e um sexo ensandecido
Deixaremos o Ser para, e por fim, Haver
Como duas forças que, pela sua natureza,
Tendem a se unificar e se completar
Alcançaremos a plenitude de uma relação que sem dúvidas é eterna e infinda
E teremos a certeza que a existência da nossa verdade
E ela é somente nossa, como sempre foi e haveria de ser,
Por fim irá se concretizar.

Desejos e Desatinos

Ah! Essa tez alva, mas que nunca há de me enganar
Pois tuas deliciosas curvas são mesmo como as de uma cabrocha
E ao me imaginar, entrevendo-as numa penumbra sensual como a de um luar
Eis que como a mais bela rosa, no orvalho primaveril, só para mim, deslumbrantemente, você desabrocha.
Gosto de entrever-te, despida e quase nua
E na carícia dos momentos silenciosos,
Repletos de ânsias e gemidos, de suor e suspiros nervosos,
Te possuir ultrapassa os limites da vontade
É desejo, tesão, lascívia, libertinagem, por oras até insanidade.
Uma envolvente e estranha nebulosa me cerca,
Me abraça e me alucina
E põe em minha boca um gosto de desejo,
Que me excita, e, cada vez mais,
Me entorpece e desatina
Sim! Te ter, foder, trepar, transar
Não! Isso seria pouco, não contigo.
Tens mais fogo, mais sensualidade
E és tão grandiosa que te possuir só me remete a uma única palavra:
Profanar!
Ah sim, contigo eu seria profano, desrespeitando limites mundanos comuns, seria devasso,
O que nossos corpos e mentes imaginassem,
Qualquer coisa pra tornar este momento muito mais do que único
E também não só memorável, pois memórias se perdem ou se apagam
Seria mais que isso
Para nós, só haveria de ser uma única coisa simplesmente
Seria inefável, e ainda mais
Como tudo o que jamais poderá ser apagado,
Para nós seria indelével.

Enfim Sós, Enfim Nós

Mais forte do que nós, humanos, comuns, um momento
Mais do que único,eterno, inefável, indelével
Insaciável, sim, quero mais, não hei de mentir
És mais do que melhor, és incomparável, única
Ah! Essa sensação de que já senti esse gosto alguma vez,
Mas a insaciabilidade de não o ter sentido nesta vida
Me deixa inquieto, insatisfeito, me consome
E por mais que me digas que não, sei que também sente desta forma
Quero que me digas que pra ti não foi maravilhoso
A sensação não somente do prazer
Mas a sensação de viver
De saber que nada mais havia a não ser nós mesmos
Ah, Haver! Sobrepõe a condição do Ser
Sou mais feliz, sim
Mas só há razão em meu "haver" se, quando, alguém como você
Em minha vida, não mais do que "de repente", veio a aparecer
Entre quatro paredes
finalmente nos entregamos,
nos curtimos, nos amamos,
saciamos tantas "sedes"!
No ouvido ecoa ainda a doce melodia
que marcou aqueles momentos de alegria e prazer desvairados
Na retina, imagens da cama e de juras ditas e não ditas,
símbolos da imortalização de nossas fantasias!
Errado ou direito,
tudo que ali "rolou", só a dois diz respeito,
eu e você, somente a nós!
Hoje posso dizer que estou feliz,
não me arrependo de nada do que fiz.
Foi sublime o nosso "ENFIM SÓS"!
Mais do que sós, posso dizer "ENFIM NÓS"!

Rei e Rainha

Começar de novo
Enterrando os fantasmas que me atormentam
E num único momento você tem a capacidade
Você consegue me fazer melhor

Como eu poderia saber que seria tão bom
Que perdido num espaço só meu
Num tempo que ninguém mais faz parte
Eu finalmente enxerguei meu "eu"
Você me fez ser seu

Não importa o tempo
Nem a distância
A mágica já se fez, e não há de se apagar
Somos a verdade que jamais será contada
A história que nunca vai ter fim

Somos a realidade desmascarada
O sentido pra viver
Tudo vai continuar, e por tentar,
não há dia que eu não vá chorar
só em nós pensar, ver a vida
e ver que não podemos mudar

Não podemos jamais negar
Nem ter medo de errar
Por que sempre existe algo
Que nem o tempo nem qualquer ferida
Mesmo sempre a sangrar
Há de mudar ou sequer sarar

A cada lágrima e a cada suspiro
A história em que só eu você
Somos rei e rainha do nosso amor
Fica a saudade do que há,do que foi
E do que será

Não há só um dia
que eu nunca vá lembrar
que essa é minha vida
e tomara Deus,
que isso nunca vá mudar!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Corja

Na pequena imensidão da madugrada
Diante de um copo, a cerveja já quente, um cinzeiro com um cigarro exalando seu doce veneno
Da fumaça do cigarro que parece brincar de fazer formas
Não sei se pra chamar minha atenção ou pra me incomodar...
Olho pela janela ao lado, vejo no edifício ao longe uma única janela acesa
Sinto inveja dessa janela, dessa luz que insiste em permanecer acesa na maldita treva
Maldita treva que me consome, que nem nos sonhos, mesmo de olhos abertos ou cerrados
Insiste em me acometer, me perseguir, me torturar
Essa luz que quando olho me faz sentir um bicho, perdido, desgarrado
Essa luz que me arde os olhos, rasga a alma e atordoa o espírito
Sim, esse tipo de treva só serve pra poucos
E esses poucos podem dizer que fazem parte de algo
Algo que para muitos é inominável, que não deve ser lembrado
Mas que para quem conhece há de ser inefável
Não, há de ser indelével
Somos a Corja, aqueles que vêem a vida com outros olhos
Aqueles que respiram a vida sentindo o gosto do sangue na garganta
Que sentem o mundo como o fio da navalha rasgando a moralidade
Que nos faz olhar num espelho e ver diante de nós a única verdade que nos resta
Que somos tudo, e ao mesmo tempo, na fatídica condição do Haver
Não somos nada!

Vitor L. Muniz

Respiração

Sim, respiro-te, hermético, estagnado, enclausurado
Preso nas garras de um amor que transcende, que me consome
É o momento em que deixo de ser e sei que simplesmente existo
e sinto que estou fadado
A ver que minha existência hoje é dependente de algo que só tem um nome
Amor, sim, amor, só pode ser isso
Respiro você nas lembranças, do que já vivemos
Do momentos que ainda estão em seu decorrer
E dos que ainda viveremos
Embora afirme que nosso amor na verdade
Soe como uma antiga canção em meu ouvido
Só confirmando o que há muito tenho sentido
Que somos um, um ser uno, indivisível
Unidos inexplicavelmente
Através de uma misteriosa unção que ultrapassa os mistérios
Da existência e rasga os véus da alma
Paro, respiro fundo novamente, e fica cada vez mais claro
Que não sou só eu, mas que também sou você
E que cada vez mais sou sedento, necessitado de ti e
Das tuas palavras e de teus silêncios
Peço perdão a Deus por estar sendo profano
E crer que todo o amor do mundo habita em mim
E que se me visse sem você, seria como se cessasse minha respiração
E teria certeza que pior até mesmo do que a própria morte
Seria saber que sem você eu teria chegado ao meu fim.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Esperança

A madrugada serve como meu berço
Com sua déspota escuridão que se impõe diante de mim
E por dentro a dúvida é meu impulso
A insistência de galgar cada pesado passo
Sem a certeza do que o horizonte me reserva
Eu venho do mais barato
Do descabido e sem sentido
Mas mesmo assim, contra a natureza, ainda existo
Queria escrever minha caminhada como uma música
Onde cada nota se encaixa
e o compasso não se perde
Mas meu passo insiste em sair da linha
minha mente atormentada
E minha consciência em desalinho
transformando cada segundo em que luto e respiro
Num desepero infindo
Idéias e devaneios num paradoxo
Onde razão e sensação são inimigos mortais
O desejo tentador em conflito com a razão
Que luta com a imoralidade e a falta de valor
Mas no meio de tanta perdição
Quando eu já achava que só me restava a escuridão
Surge algo que cega, enlouquece e desatina
Os céticos podem chamar de loucura
Os crentes podem chamar de fé
Mas os que são como eu dirão aos quatro ventos:
Isso é amor!
Quando você surgiu o horizonte enevoado se abriu
E da treva fez-se luz, e os desgarrados encontraram abrigo
A sensação de inexistência não mais me preencheu
E de rompante uma questão me acometeu:
Será que estou me sentindo pleno?
Seria possível, será que seria merecedor?
Não seria só mais um truque das capciosas sombras?
Ou uma ilusão da pouca luz que adentra meu ser?
Mas para meu desespero e conforto atordoador
Você cada vez mais se fez real
Tu não eras como tudo que para mim se fazia
Algo etéreo e imaterial
Se fazia material, vivo
E mais que tudo, real
Mas de repente a treva volta a surgir
Tudo se torna turvo e sem direção
Meus olhos então se abrem
Por Deus! Estava a sonhar!
E vi que não era um sonho, era só mais um pesadelo
Dentre tantos que me perseguem
Ou talvez fosse algo que há muito não me lembrava
Talvez por achar que não era capaz de senti-la
Ou de sequer enxergá-la
Sim, agora sei o que comigo acontece
Os pesadelos tem resposta
A dúvida talvez tenha encontrado fim as suas preces
Meu espírito busca o que muitos anseiam
E poucos experimentam
Sim, agora sei o nome deste mistério
Quero algo simples, algo raro, que talvez me faça esquecer da dor
E vou desejá-la
Para quem sabe no amanhã eu a encontre
Ou que ela venha ao meu encontro
Uma palavra ecoa em minha alma e seu torpor
Esperança!

Vitor L. Muniz

Fatídica Existência

O desespero do silêncio atravessa em ar apressado
Os delinquentes da manhã bêbada sobram nas calçadas
E meus amores? Se foram, Me negaram!
Vou-me pela mesma calçada que os delinquentes da madrugada
E amores, quem precisa deles?
Preciso de mulheres, do seu sexo
Encontrar a mim mesmo, nessa aurora sem cores
Nesse preto-e-branco letárgico, amoral e sem valores
Percebo que meus passos na calçada se arrastam
Sou talvez uma miragem, sim
Sou aquela criatura que não existe
E insisto em ser a desgraça
Que pra mim não é miséria
Pra mim é a verdade
E sem poder escolher,
A condição de haver me obriga a viver
Mas a cada respiração profunda,percebo que não tenho cheiro, que sou incorpóreo
Que sou etéreo,que quase inexisto
Mas dentro cresce a energia
E me transformo no ser que eu sou
Aceitação do meu mundano inevitável
Sou agora a razão da própria cria
Sou o expurgo da causa primeira
que insistiu em me fadar a humanidade
Nascido da primeira ação
Que só deu sequência as piores reações
Mas no final destas contas
Das memórias e dos fatos
Sou apenas a boca dos ratos
Que vivem por viver
E não presta conta, não, é conto
É conto de fadas
E eu sou o autor
Não do choro, mas da risada!
Como o palhaço que se traveste de felicidade
Que as luzes do picadeiro se apaguem,
E que os aplausos se calem,
Pois o show agora sou eu quem faço
Chega de da vida ser a caça
Hoje sou eu quem caço!

Vitor L. Muniz e Thomas Tjabbes

Primeiros Passos...

Começando novamente essa aventura solitária de escrever num blog, vou postar aqui alguns textos de minha autoria. Espero que apreciem.

Vitor L. Muniz