terça-feira, 26 de julho de 2011

Retrocesso de um Caminhante

Resta, acima de tudo, a velha sensação
Sensação da noite mal dormida
Do olhar outrora brilhante
Da saudade como um barco que insiste
Em do cais do meu peito não desancorar
Talvez seja cedo para tal...


Resta, acima de tudo, a velha sensação
Da poesia não escrita
Uma palavra não dita (quantas palavras...)
A atitude ausente
E o pesar tal qual o de uma criança
Que sem saber se vê perdida e sem alento


Resta, acima de tudo, a velha sensação
De em cada lugar nos ver em cada olhar
Que em cada canto há um pouco de nós
E que o mundo parecia somente nos esperar
Pois suas fronteiras eram nossas
E tudo parecia ser feliz em nossa felicidade


Resta, acima de tudo, a velha sensação
Do tatear no escuro em busca do passado
Na esperança de encontrar uma estrela
Que insiste em brilhar em meio ao negro céu
Te ver no fim da estrada como a lua
Que em meio a minha noite sempre era o meu guiar


Resta, acima de tudo, a velha sensação
De que a estrada aumenta a cada passo
E tudo pareceu se distanciar
Pois agora é o retrocesso de um caminhante
Que de mal acostumado sempre teve sua companhia
E de volta ao começo precisa aprender a caminhar


Resta, acima de tudo, a velha sensação
De em meus sonhos você ser perene
Talvez num esforço vazio do coração arrependido
De uma busca pela felicidade que se foi
E tolamente não abdicar da esperança cega
Que consome meu coração errante e apaixonado


Resta, acima de tudo, a velha sensação
De que seu sorriso agora brota de outros braços
Que sua felicidade pertence a outros abraços
E isso não é simples, não mesmo de viver
Quem diz que é nunca amou para valer
E assim como eu, não aprendeu a dizer adeus...

domingo, 3 de julho de 2011

Deixa a luz entrar...

Tem dias que tudo parece se esvair em nós
Cada todo se torna fração 
E se reduz ao infinito do não ser
Existindo num vazio maciço
Que ocupa uma alma oca e sem brilho.
Devíamos aprender a plantar algumas coisas...
Plantar algodão para colher nuvens com as mãos
Assim talvez ficássemos mais perto do firmamento
Semear abraços despretensiosos e sem hora
Quem sabe assim colheríamos calor humano
Regar sorrisos sinceros e gargalhadas em bom tom
Talvez assim afastaríamos o câncer da hipocrisia
Cultivar amor sem esperar que sempre haja flores
Afinal, há dias que as rosas tem espinhos
Mas certamente haverá dias que os espinhos terão rosas
Espalhar telefonemas inesperados no meio da noite
A não privação de dizer o que sente ao outro de verdade.
Não se deve esperar que as lágrimas da existência
Por bem ou mal, sejam o regador que lhe criará raízes
Estas somente o fincarão no solo ávido da solidão.
Deixa a luz entrar...