quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Esperança

A madrugada serve como meu berço
Com sua déspota escuridão que se impõe diante de mim
E por dentro a dúvida é meu impulso
A insistência de galgar cada pesado passo
Sem a certeza do que o horizonte me reserva
Eu venho do mais barato
Do descabido e sem sentido
Mas mesmo assim, contra a natureza, ainda existo
Queria escrever minha caminhada como uma música
Onde cada nota se encaixa
e o compasso não se perde
Mas meu passo insiste em sair da linha
minha mente atormentada
E minha consciência em desalinho
transformando cada segundo em que luto e respiro
Num desepero infindo
Idéias e devaneios num paradoxo
Onde razão e sensação são inimigos mortais
O desejo tentador em conflito com a razão
Que luta com a imoralidade e a falta de valor
Mas no meio de tanta perdição
Quando eu já achava que só me restava a escuridão
Surge algo que cega, enlouquece e desatina
Os céticos podem chamar de loucura
Os crentes podem chamar de fé
Mas os que são como eu dirão aos quatro ventos:
Isso é amor!
Quando você surgiu o horizonte enevoado se abriu
E da treva fez-se luz, e os desgarrados encontraram abrigo
A sensação de inexistência não mais me preencheu
E de rompante uma questão me acometeu:
Será que estou me sentindo pleno?
Seria possível, será que seria merecedor?
Não seria só mais um truque das capciosas sombras?
Ou uma ilusão da pouca luz que adentra meu ser?
Mas para meu desespero e conforto atordoador
Você cada vez mais se fez real
Tu não eras como tudo que para mim se fazia
Algo etéreo e imaterial
Se fazia material, vivo
E mais que tudo, real
Mas de repente a treva volta a surgir
Tudo se torna turvo e sem direção
Meus olhos então se abrem
Por Deus! Estava a sonhar!
E vi que não era um sonho, era só mais um pesadelo
Dentre tantos que me perseguem
Ou talvez fosse algo que há muito não me lembrava
Talvez por achar que não era capaz de senti-la
Ou de sequer enxergá-la
Sim, agora sei o que comigo acontece
Os pesadelos tem resposta
A dúvida talvez tenha encontrado fim as suas preces
Meu espírito busca o que muitos anseiam
E poucos experimentam
Sim, agora sei o nome deste mistério
Quero algo simples, algo raro, que talvez me faça esquecer da dor
E vou desejá-la
Para quem sabe no amanhã eu a encontre
Ou que ela venha ao meu encontro
Uma palavra ecoa em minha alma e seu torpor
Esperança!

Vitor L. Muniz

Fatídica Existência

O desespero do silêncio atravessa em ar apressado
Os delinquentes da manhã bêbada sobram nas calçadas
E meus amores? Se foram, Me negaram!
Vou-me pela mesma calçada que os delinquentes da madrugada
E amores, quem precisa deles?
Preciso de mulheres, do seu sexo
Encontrar a mim mesmo, nessa aurora sem cores
Nesse preto-e-branco letárgico, amoral e sem valores
Percebo que meus passos na calçada se arrastam
Sou talvez uma miragem, sim
Sou aquela criatura que não existe
E insisto em ser a desgraça
Que pra mim não é miséria
Pra mim é a verdade
E sem poder escolher,
A condição de haver me obriga a viver
Mas a cada respiração profunda,percebo que não tenho cheiro, que sou incorpóreo
Que sou etéreo,que quase inexisto
Mas dentro cresce a energia
E me transformo no ser que eu sou
Aceitação do meu mundano inevitável
Sou agora a razão da própria cria
Sou o expurgo da causa primeira
que insistiu em me fadar a humanidade
Nascido da primeira ação
Que só deu sequência as piores reações
Mas no final destas contas
Das memórias e dos fatos
Sou apenas a boca dos ratos
Que vivem por viver
E não presta conta, não, é conto
É conto de fadas
E eu sou o autor
Não do choro, mas da risada!
Como o palhaço que se traveste de felicidade
Que as luzes do picadeiro se apaguem,
E que os aplausos se calem,
Pois o show agora sou eu quem faço
Chega de da vida ser a caça
Hoje sou eu quem caço!

Vitor L. Muniz e Thomas Tjabbes

Primeiros Passos...

Começando novamente essa aventura solitária de escrever num blog, vou postar aqui alguns textos de minha autoria. Espero que apreciem.

Vitor L. Muniz