terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Lua dos Desconhecidos

Texto escrito a 4 mãos com a caríssima Janaína da Cunha! Espero que apreciem!


Dois desconhecidos,unidos por uma misteriosa unção
Aliados ao própósito de fazer uma ode a beleza daquela que ilumina a noite sombria
Que traz luz aos amantes em seus lençóis
Onde tecidos e corpos se misturam tomando única forma


Dois desconhecidos... duas almas que se encontram nas esquinas do coração
Não há nada, nem ninguém
Apenas a fome do desejo
No céu as estrelas murmuram sonhos, ilusões...
E os dois amantes poetizam chamas nas carnes nuas
Sob o olhar apaixonado da lua...


Dois desconhecidos... Envoltos numa penumbra sensual com seus corpos desnudos
Tudo que os guia são suas almas entrelaçadas
A luz adentra o quarto através das cortinas
Descortinando seus gozos latentes e iminentes
Ansiosos a cada palavra dita e não dita em seus silêncios 


Dois desconhecidos... dois olhares que mergulham num oceano de mistérios
Como ondas que vem, como ondas que vão
Sinuosa sintonia, sussurros que elevam o pensamento além dos sentidos...
A garrafa de vinho, esquecida no chão...
Os corpos se enlaçam numa dança, louca, impulsiva!
Diminui a razão...
E a ânsia explode em murmúrios de poesia!


Dois desconhecidos... numa dança onde somentes eles ouviam a canção
De tão ensandecidos que seus corpos estavam trouxeram inveja à Criação!
O universo teve de parar para admirar a dança do poeta e sua musa
O silêncio perpetuou sua união em lascívia, tesão e tortura
O suor escorria de seus corpos tal qual as palavras escorrem nas folhas da poesia
Ousaram criar, transcender e profanar!
E num salto em um abismo do universo de seus corpos
Encontraram nos braços um do outro o refúgio ansiado da necessidade indolente do querer!


Dois desconhecidos... bebendo da fonte suprema de Dioníso!
Não há Santos... pois o pecado devora a santidade.
Não há Pecadores... pois a santidade devora o pecado.
Só existem dois amantes ultrapassando todos os limites das vãs filosofias!
O poeta e sua musa violam os rituais mortais
Elevando a busca da alma em versos...
Versos esquecidos em livros proibidos... 
Versos desvendados num infinito desmistificado... profético!
As horas correm soltas... 
Os corpos exalam um perfume ébrio!


Dois desconhecidos... Seus corpos se perderam um no outro
Contra as convenções mundanas criaram o seu tempo
Um tempo sem dono, sem marcas e aspirações
Entre desejos proibidos e uma humanidade insaciável
Dois seres deixaram de Estar para, e por fim, Haver!
Somente exisitiam em si e para si!
Não haveria de ser memorável, pois memórias se apagam
Para eles haveria de ser inefável! 
E ainda mais, como tudo que jamais poderá ser apagado,
Para eles seria indelével.


Dois desconhecidos... o poeta e sua musa...
Sem promessas, só o toque... o desejo... o deleite!
Na cama, um redemoinho de sentimentos faz o tempo parar no espaço...
A chama incendeia a consciência... o tudo... o nada!
Um tempo sem dono, sem restrições!
E o pudor explode num terremoto de erotismo!
Lá fora, o sol tímido anuncia o despertar de um novo dia para os pobres mortais...
No altar das santas profanidades,
O poeta e sua musa, descansam... unidos num casulo afável...
Descansando sob o olhar prazeroso de Dionísio.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Um Trem para as Estrelas


O corpo já ébrio observava o horizonte
Escuro, cinza, soturno e belo
O corpo escorrendo pela cadeira tal qual o suor
Suor que escorria da garrafa da cerveja quente
Os sons da madrugada silenciosa o invadiam
Ressonavam nas paredes do quarto 
Se jogavam loucamente em seu peito
Que mais parece a velha rodoviária da cidade
Aportando e abrigando sentimentos perdidos
Choros mal destilados e copos meio vazios
Nesta noite apenas uma estrela ousou brilhar
Desafiava os sentimentos deste pobre errante
Que de tanto insistir seus olhos não mais queriam cerrar
Eles pareciam querer lhe fazer esperar o inusitado
Olhava o relógio e não haviam mais números
Estes deram lugar a sentimentos que de hora em hora o acometiam
A madrugada começara a se tornar longa...
A respiração trôpega...
Sem se dar conta em sua face uma única lágrima escorreu
Ao pingar em seu peito a olhou com um breve sorriso
Sentiu então o sol surgir no horizonte
Seus olhos da noite então se fecharam lentamente
Outra lágrima surgiu de repente e recolheu seu corpo
Pensou alto consigo em seus sonhos infantis e tolos
Tudo que eu queria nessa noite era pegar um trem para as estrelas...

domingo, 4 de setembro de 2011

O Caminho (Entre a Vida e a Morte...Amor!)


O ser humano é uma incógnita em seu egoísmo
Em constante cegueira prefere viver à margem
Crendo em suas frações de eternidade sofrível
Dando as mesmas proporções de base inverossímil.
Alimentando as lamúrias e regando sua alma de lágrimas
Falta mais humildade, mais humanidade...
Consciência histórica, material e social de existência
Maior que o universo externo em seu horizonte infindo,
Somente as estradas que traçam o espírito de cada ser.
Basta fechar os olhos e retroceder na história de nós
A vida é feita de frações, fragmentos e peças
E somente no tabuleiro da vida podemos entendê-las, encaixá-las...
Nos constituímos de frações de felicidade, fragmentos de sorrisos
Lampejos de experiências atravessando a existência a cada segundo
Em cada fração tudo foge do controle de ser para somente estar
Não há receita para viver nem caminho certo a percorrer
O nosso poder de crer nos guia pela estrada incerta do existir
A certeza de hoje pode vir a baixo na alvorada do porvir
É fácil ter em mente palavras que expressem uma opinião
Dar significado e transformá-las em ação... Ah, isso é pra poucos!
É tornar o tempo incoercível nosso maior confidente
Andar lado a lado com a paciência do cotidiano
E conviver com a impaciência de nascer sabendo que o fim é a garantia
Morrer é o privilégio que cabe ao nosso humilde viver.
Mas amar acima de tudo nós mesmos é o meio, o caminho.
É onde nos perdemos para nos encontrar em direção ao fim.
O início começa em nascer mas, com toda certeza vos afirmo:
Somente pelo amor há de se encontrar o caminho para a eternidade do viver!