sábado, 12 de novembro de 2011

Janela da Alma

E aqui estou, olhando pela janela da alma do mundo
Contemplando esta linda confusão
Admirando o mar de gente acelerada
Sem face, somente suor e lágrimas
Um universo de dúvidas perpétuas
Que são tão sem resposta quanto a respiração
E inevitáveis quanto a existência.
Suas dores parecem escritas nas marcas do tempo
Refletindo nos cabelos brancos o caminho para paz
O peso da sabedoria adquirida que se perde na estrada
Dilui-se no afeto passado adiante e ressurge num sorriso
Sentimentos pretéritos que partem de nós sem despedida
Talvez assim seja melhor...
Deixar sob a cômoda da alma uma velha foto em preto e branco
Guardar num canto empoeirado da memória para não se perder
Almejar estar num lugar em que nunca tenha ido além
Alegremente além dos gestos que jamais ousei ter
Andar por aí como um nobre sem reino nem história
Mas tão mágico e efêmero que ao menor toque possa evaporar
Escrever cada dia como se fosse um conto
Mas há quem diga que todos os contos são mentiras
Embora nem toda mentira seja conto...
Só quero beijá-la mais uma vez para ter a certeza
Que em seus lábios encontrara a porta do paraíso
E que os meus estavam envenenados em minha ignorância
Por achar que ela poderia ser minha, mesmo que em sonhos..
Sim, deste conto não poderei fazer verdade.
Esta história está num pedestal alto demais
Tão alto que me falta altura para sequer tocá-la
Hei de admirá-la pela janela dos olhos do mundo
Enquanto seco dos meus as lágrimas de homem.