domingo, 3 de julho de 2011

Deixa a luz entrar...

Tem dias que tudo parece se esvair em nós
Cada todo se torna fração 
E se reduz ao infinito do não ser
Existindo num vazio maciço
Que ocupa uma alma oca e sem brilho.
Devíamos aprender a plantar algumas coisas...
Plantar algodão para colher nuvens com as mãos
Assim talvez ficássemos mais perto do firmamento
Semear abraços despretensiosos e sem hora
Quem sabe assim colheríamos calor humano
Regar sorrisos sinceros e gargalhadas em bom tom
Talvez assim afastaríamos o câncer da hipocrisia
Cultivar amor sem esperar que sempre haja flores
Afinal, há dias que as rosas tem espinhos
Mas certamente haverá dias que os espinhos terão rosas
Espalhar telefonemas inesperados no meio da noite
A não privação de dizer o que sente ao outro de verdade.
Não se deve esperar que as lágrimas da existência
Por bem ou mal, sejam o regador que lhe criará raízes
Estas somente o fincarão no solo ávido da solidão.
Deixa a luz entrar... 

2 comentários:

let disse...

Essa me fez lembrar da sessão... e está linda, como sempre ;)

Karen G. disse...

Penso no maravilhoso poder da evocação.Lendo Ortega y Gasset(A dezumanização da arte),vi um trecho deveras interessante.O de que a arte só é arte na medida em que não serve como algo transcendental,que a arte Verídica não se serve de técnica para evocar algo humano e cheio de sentimento(sentimento esse humano,trivial).Ela se serve de técnica para evocar ela própria,e tão somente.E ele exemplifica dizendo que é como admirar um jardim através de um vidro.Geralmente esquecemos do vidro,quanto mais puro este for,e nos quedamos nas flores,arbustos e formas do outro lado.Porém,se focamos no vidro,a paisagem vira um borrão,em que distinguimos apenas cores cambiantes.Esse vidro é a técnica,é a arte.Devo discordar desse ilustre filósofo.Pois o que mais aprecio nos seus textos,não é a técnica,tampouco a forma,mas o que eles me evocam.E a eles dou o nome de arte.