segunda-feira, 23 de maio de 2011

Oração ao Tempo

Até onde irá o poeta e seu torpor
Chorar às sombras na solidão dos dias
Procurar sentido nos caminhos da alma
Afogar a saudade que lhe consome o ser
Ter o poder de parar o tempo e retroceder
E em apenas um dia, numa escolha tudo mudar
Refazer o curso de sua história
E ver que sempre é tempo de aprender
Que se soubesse o quanto é duro errar
Jamais escolheria o caminho que hoje é seu viver
Ah, Tempo! Senhor das Existências!
Tende piedade da fraqueza dos que vivem!
Estes tolamente não sabem o peso de uma lágrima
Ainda mais quando cai da face de quem se ama
É inundar o próprio coração de tristeza sem se ver
Ah, Tempo! Senhor das Respostas!
Tende piedade daqueles que perderam seu amor!
Ninguém deveria em sã consciência passar por tanta dor
Muito menos cegamente escolher tamanho horror
Ah, Tempo, Tempo...
Porque fazes isso? 
Esperar seria a dádiva dos desesperados?
A lição dos pobres errantes?
Segure minha mão e puxe-me em direção ao firmamento
Ah, Tempo! Senhor da minha saudade!
Leva ela embora, pois viver assim é maldade
Aqui dentro desse peito mora um coração
E hoje o poeta lhe roga em clamor e oração:
"Você nunca amou, Tempo...
Leva ela embora pois a amo demais!
E a perdi para mim, para sempre e pra você...
Se não a me trouxer de volta, entregue a quem mereça
Mas o faça de uma vez, pois viver assim...
Ah, Tempo! Não há quem mereça!"

Um comentário:

Karen G. disse...

É impossível separar do poeta a sua existência.Ambos são inconstantes,sensíveis,um determina a fatalidade do outro.A existência é a musa do poeta,a realidade a indumentária que ela usa.O poeta a descreve,e apenas.É tudo o que lhe é dado fazer.