quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Corja

Na pequena imensidão da madugrada
Diante de um copo, a cerveja já quente, um cinzeiro com um cigarro exalando seu doce veneno
Da fumaça do cigarro que parece brincar de fazer formas
Não sei se pra chamar minha atenção ou pra me incomodar...
Olho pela janela ao lado, vejo no edifício ao longe uma única janela acesa
Sinto inveja dessa janela, dessa luz que insiste em permanecer acesa na maldita treva
Maldita treva que me consome, que nem nos sonhos, mesmo de olhos abertos ou cerrados
Insiste em me acometer, me perseguir, me torturar
Essa luz que quando olho me faz sentir um bicho, perdido, desgarrado
Essa luz que me arde os olhos, rasga a alma e atordoa o espírito
Sim, esse tipo de treva só serve pra poucos
E esses poucos podem dizer que fazem parte de algo
Algo que para muitos é inominável, que não deve ser lembrado
Mas que para quem conhece há de ser inefável
Não, há de ser indelével
Somos a Corja, aqueles que vêem a vida com outros olhos
Aqueles que respiram a vida sentindo o gosto do sangue na garganta
Que sentem o mundo como o fio da navalha rasgando a moralidade
Que nos faz olhar num espelho e ver diante de nós a única verdade que nos resta
Que somos tudo, e ao mesmo tempo, na fatídica condição do Haver
Não somos nada!

Vitor L. Muniz

2 comentários:

Tião Martins disse...

Fala Vitor! Demorei um pouco, mas vim. Parabéns pelos textos e poemas.
Abraço!

Unknown disse...

''Grande exclusividade?Diria que é uma exclusividade doída.Desvio o olhar mas ela está ali,me acusando,me chamando,sempre sádica(..)''
Como sempre,e como nunca,parabéns.Esse texto dentre tantos maravilhosos,parece-me o filho pródigo,que me voltou,mesmo que eu nunca o tivesse perdido,nem mesmo o tido.Obrigada por reencontra-lo para mim,rs.
Abraço.
;*