domingo, 23 de outubro de 2011

Novos Ventos

Um poeta que desaprendeu as palavras do amor
Que não mais ergue o esplendor de alguém seu
Trocou o cálice do doce vinho pelo amargo copo de café frio
Como aqueles servidos numa rodoviária de algum lugar esquecido por Deus
Talvez seja apenas a velha tolice e romantismos antiquados...
Hoje me sirvo das lágrimas do passado inóspito
De músicas que insistem em tocar notas de felicidade de outrora
E guardo em algum lugar de minh'alma uma ponta de fé.
Sim, há quem diga que os poetas são seres abdicados desta.
Pobres mortais...
Mal sabem que no fundo os poetas são navios de fé a deriva
Perderam-se no norte do acreditar e buscam um horizonte
Envergonham-se em silêncio desse crer na humanidade
Guardam sorrisos cabisbaixos diante da descrença em si
Dividem com o espelho os olhos embargados de lágrimas
E acreditam que nas horas de sono terão a ansiada paz
O mundo é surdo... É cego... Mudo em sua tola ignorância
Lamento não ter lágrimas para escrever tais palavras
Embrutecida a alma e dilapidado o coração, busco sentido
Encontrar uma fuga nessa estrada sinuosa e escura
E repito a todo momento que não posso mais ter saudade
Do que se foi e do que virá...
Que os novos ventos do porvir ousem balançar meu velho tronco
Livrando-me das folhas secas do passado
E que eu possa escutar meus passos pisando em tais folhas
Deixando para trás o velho inverno espalhado pela calçada da alma
Enquanto meus olhos observam as flores do futuro brotar
Orando em silêncio para nunca desaprender do velho dom de sonhar.

Um comentário:

Janaína da Cunha disse...

Belo e intenso poema, poeta!
Adorei!
Beijos!!